A taxa de desemprego chegou a 8,3%, segundo o IBGE.
Índice é o maior desde o início da série histórica.
A taxa de desemprego subiu no segundo trimestre deste ano e
chegou a 8,3%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (25) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É maior taxa da série histórica,
que teve inicio em 2012. No primeiro trimestre deste ano, o índice foi de 7,9%.
Já no segundo trimestre de 2014, a taxa foi de 6,8%.
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Fonte: IBGE |
De acordo com o IBGE, a população desocupada, de 8,4 milhões
de pessoas, subiu 5,3% frente ao primeiro trimestre e, ante o 2º trimestre de
2014, o avanço foi de 23,5%.
“Você tem aumento da taxa de desocupação, que vem em função
de uma maior procura e uma geração de trabalho que não alcança isso. Ou seja,
houve geração de posto de trabalho, mas é em inferior ao que seria necessário
para manter a taxa estável ou haver redução”, analisou Cimar Azeredo,
coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Já o nível da ocupação (que mede a parcela da população
ocupada em relação à população em idade de trabalhar) foi estimado em 56,2% no
2º trimestre, o mais baixo da série histórica da Pnad Contínua, segundo o
coordenador, permanecendo estável frente ao trimestre anterior e apresentando
queda em relação ao 2º trimestre do ano passado, quando foi de 56,9%.
“O mercado de trabalho, em relação ao trimestre passado,
teve aumento de 188 mil pessoas [na população ocupada] trabalhando, esse
aumento não é significativo, ou seja, a população ocupada está estável. Em
relação ao ano passado, foi aumento de 159 mil, que denota de novo
estabilidade”, analisou Cimar Azeredo.
A população ocupada foi estimada em 92,2 milhões, estável
frente ao primeiro trimestre e ao mesmo período de 2014. Segundo o IBGE, 78,1%
dos empregados no setor privado tinham carteira de trabalho assinada,
percentual estável em relação ao trimestre anterior e a igual trimestre de
2014.
Segundo o IBGE, a pesquisa mostrou aumento da procura por
trabalho, 421 mil pessoas no trimestre, em comparação com o trimestre anterior,
e 1,6 milhão em relação ao segundo trimestre de 2014.
A Pnad Contínua apontou ainda redução do contingente de
trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado, queda de 157
mil em relação ao trimestre anterior e 971 mil em comparação com o mesmo
trimestre do ano anterior.
A análise mostrou ainda crescimento da participação dos
trabalhadores por conta própria na população ocupada, 293 mil em relação ao
trimestre anterior e 989 mil, em comparação com o segundo trimestre do ano
passado.
“Hoje, a gente um
vive período muito similar ao que a gente viu lá atrás, em 2003, com aumento da
taxa de desocupação, estabilidade na população ocupada e aumento principalmente
desse grupo da população ocupada que são os trabalhadores por conta própria”,
analisou Cimar.
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) Contínua, que substitui a tradicional Pnad anual e a Pesquisa
Mensal de Emprego (PME). São investigados 3.464 municípios e aproximadamente
210 mil domicílios em um trimestre, informou o IBGE.
38,7% fora da força
de trabalho
No Brasil, 38,7% das pessoas em idade de trabalhar foram
classificadas como fora da força de trabalho, ou seja, aquelas que não estavam
ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa. A população fora
da força de trabalho era composta em sua maioria por mulheres. No 2º trimestre
de 2015, elas representavam 65,8%.
O Nordeste foi a que apresentou a maior parcela de pessoas
fora da força de trabalho, 42,8%. As regiões Sul (36,0%) e Centro-Oeste (34,8%)
tiveram os menores percentuais.
Cerca de 35,1% da população fora da força de trabalho era
composta por idosos (pessoas com 60 anos ou mais de idade). Aqueles com menos
de 25 anos de idade somavam 28,8% e os adultos, com idade de 25 a 59 anos,
representavam 36,1%.
Nível de instrução
Segundo a pesquisa, a taxa de desocupação entre as pessoas
com ensino médio incompleto era maior do que a verificada nos demais níveis de
instrução, chegando a 13,8%. Entre o grupo de pessoas com nível superior
incompleto, a taxa foi de 9,7%, “mais do que o dobro da verificada para aqueles
com nível superior completo (4,1%)”.
Segundo o IBGE, em geral, nos grupos com níveis de instrução
mais altos, o nível da ocupação ficou mais elevado. No 2º trimestre, 31% das
pessoas sem nenhuma instrução estava trabalhando. No grupo das pessoas com
nível superior completo, o nível da ocupação chegou a 78,9%.
Por gênero e idade
Há diferenças significativas na taxa de desocupação entre
homens e mulheres. A taxa de desemprego foi estimada em 7,1% para os homens e
em 9,8% para as mulheres. Já a taxa de desocupação dos jovens de 18 a 24 anos
de idade, de 18,6%, apresentou patamar elevado em relação à taxa média total
(8,3%).
Cimar ressaltou que os jovens “são os primeiros a serem
afetado no processo de desocupação. Em qualquer pesquisa nossa, os jovens são
os primeiros a sentir o processo do mercado de trabalho. São os primeiros a
serem dispensados e os primeiros a correr ao mercado de trabalho para compor
renda familiar. É histórico”, comentou. A taxa de desocupação dos jovens subiu
um ponto percentual, em comparação com o primeiro trimestre de 2015, mostrou o
IBGE.
As análises apontaram ainda diferenças no nível da ocupação
entre homens e mulheres. No 2º trimestre, o nível da ocupação dos homens, no
Brasil, foi estimado em 67,1% e o das mulheres, em 46,2%. No Norte houve a
maior diferença entre homens e mulheres de cerca de 26,1 pontos percentuais, e
no Sul foi a menor diferença (cerca de 19 pontos percentuais).
Em relação à idade, o nível da ocupação do grupo etário de
25 a 39 anos foi estimado em 74,9%, para o grupo etário de 40 a 59 anos é de
69,5%. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a estimativa foi de 55,3%. Entre os
menores de idade, de 14 a 17 anos, ficou em 15,4%, enquanto entre os idosos (60
anos ou mais), 22,3%.
Queda na construção
A pesquisa mostrou ainda queda no contingente do grupamento
da construção. De acordo com Cimar Azeredo, houve retração de 6,7% na
construção, ou uma redução de 509 mil pessoas, em relação ao trimestre
anterior, e recuo de 8,6% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior,
ou menos 673 mil pessoas.
Regiões
No segundo trimestre, a região Nordeste foi a que apresentou
a maior taxa de desocupação, de 10,3%, e a região Sul, a menor, atingindo 5,5%.
Segundo Cimar Azeredo, houve recorde na taxa de desocupação em quatro unidades
da federação: Paraná (6,2%), São Paulo (9%), Rio Grande do Sul (5,9%) e Goiás
(7,3%), e três regiões, Sul (5,5%), Sudeste (8,3%) e Centro Oeste (7,4%).
Em relação ao mesmo período de 2014, a taxa de desocupação
cresceu em todas as regiões: Norte (de 7,2% para 8,5%), Nordeste (de 8,8% para
10,3%), Sudeste (de 6,9% para 8,3%), Sul (de 4,1% para 5,5%) e Centro-Oeste (de
5,6% para 7,4%). Entre as unidades da federação, Bahia teve a maior taxa
(12,7%) e Santa Catarina, a menor (3,9%).
“Se a gente olhar em quase todas as regiões, a procura por
trabalho foi forte, aconteceu. Principalmente na região Sul, 35,6%, 223 mil
pessoas, é a maior entre as regiões [em comparação com o ano anterior]. A
região Sudeste também merece destaque, puxada por São Paulo. A taxa de
desocupação de São Paulo foi a mais alta da série, então, chama atenção o
percentual de Porto Alegre, mas a região Sudeste, mas por ser mais populosa tem
percentual mais baixo, mas contingente, um aumento maior”, diz Cimar.
Rendimentos
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Fonte: IBGE |
No segundo trimestre, o rendimento médio real (todos os ganhos
recebidos no mês) de todos os trabalhadores ocupados foi estimado em R$ 1.882 –
1,4% maior em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de R$ 1.855,
porém estável (leve alta de 0,5%) na comparação com o trimestre anterior, que
foi de R$ 1.892.
Fonte: G1